«Cantinho» dos pensamentos, divagações e de todas aquelas coisas que às vezes apetece dizer mas que não se dizem por vergonha, respeito ou prudência ;)

Thursday, September 29, 2005

Mais uma música que me toca lá dentro...

A música é linda mas o nome do agrupamento é bastante infeliz... na minha opinião!

Donna Maria - Quase Perfeito

Sabe bem ter-te por perto
Sabe bem tudo tão certo
Sabe bem quando te espero
Sabe bem beber quem quero

Quase que não chegava a tempo de me deliciar
Quase que não chegava a horas de te abraçar
Quase que não recebia a prenda prometida
Quase que não devia existir tal companhia

Não me lembras o céu nem nada que se pareça
Não me lembras a lua nem nada que se escureça
Se um dia me sinto nua tomara que a terra estremeça
Que a minha boca na tua eu confesso não sai da cabeça

Se um beijo é quase perfeito
Perdidos num rio sem leito
Que dirá se o tempo nos der
O tempo a que temos direito

Se um dia um anjo fizer
A seta bater-te no peito
Se um dia o diabo quiser
Faremos o crime perfeito

Sabe bem ter-te por perto
Sabe bem tudo tão certo
Sabe bem quando te espero
Sabe bem beber quem quero

Sabe bem

[Porque há coisas que nunca mudam...]
[Restou a saudade de ser... «demais»]

Monday, September 26, 2005

Memórias do Passado

Hoje ao falar com um conhecido pelo MSN tive uma recordação de uma cena que se passou comigo quando andava na secundária.
Não quero dar certeza mas penso estar no início da secundária, sétimo ou oitavo ano provavelmente.

De um modo geral sempre tive poucos amigos, mas aqueles que tinha eram efectivamente meus amigos e na altura do liceu tinha dois grandes amigos, rapazes. Tinha mais amigos, rapazes e raparigas, mas não tão próximos.

Certo dia estava eu a sair da escola com duas colegas, quando o porteiro, senhor dos seus sessenta e muitos anos e com aspecto de avô de todos, me chama. Fui ter com ele e ouço o que ele me quer dizer.

E assim ele começa: «Olha lá... porque és sempre assim? Porque andas sempre com raparigas? Não tens amigos rapazes?!»

Eu fiquei parvo a olhar para o velho... Que direito tinha ele para fazer tal afirmação?! Porque se estava ele a meter comigo?! A dizer-me aquelas coisas... Ainda por cima porque eu até achava que nem eram verdade!

E continuou: «Tens que arranjar amigos! Rapazes... para seres como eles!»

Acho que nessa altura estava prestes a rebentar... mas simplesmente virei-lhe as costas e fui-me embora...
No entanto há palavras e situações que nos marcam e esta foi com toda a certeza uma delas... acho que nunca me vou esquecer disto!
São estas pequenas coisas que me fazem pensar e acreditar que a orientação sexual não é uma escolha... é um destino já traçado!

O senhor com a sua experiência de vida já tinha reconhecido o padrão... que se eu continuasse assim seria como outros que ele já tinha visto outrora passarem aquelas portas.
Mesmo quando eu próprio ainda não tinha consciencia que era diferente...

Ele quis salvar-me... da doença! Eh Eh Eh

Monday, September 05, 2005

A confissão

Há palavras que custam a sair, que ficam atravessadas na garganta, por medo ou receio das consequências. Mas há forças inexplicáveis que, pela educação recebida ou por outra razão qualquer me obrigam a ser sempre verdadeiro comigo e com aqueles que me rodeiam. Só assim consigo deitar-me todas as noites e dormir um sono tranquilo.
Infelizmente não tem sido esse o caso destas últimas noites e que me levou a tomar uma atitude que até a mim próprio me surpreendeu! Contar a derradeira e aterrorizante verdade sobre a minha orientação sexual à familia...

Passei uma noite às voltas na cama a tentar organizar as ideias de modo a dar a notícia de um modo... suave! Como se tal fosse possível! Como se diz a uma mãe ou a um pai que tudo aquilo que planearam para o seu filho não passa de uma ilusão?
Por outro lado está a verdade, a minha consciência e a minha vida futura sem mentiras! Será egoismo da minha parte?

E assim foi... Não vou entrar em detalhes de como o fiz, mas está feito.
Não é facil! Recomendo a todos uma bela dose de alcool, ou qualquer droga leve de modo a atenuar as dores, o corpo todo a tremer e todos os outros efeitos secundários de um gajo à beira de um ataque de nervos(obrigado Almodovar!)

Não houve lágrimas, não houve gritos, não houve reacção... de ninguem! Disse o que tinha a dizer e literalmente fugi para a praia. Depois sim, a caminho da praia despejei todo o meu stress, todos os meus nervos, todo o meu alívio num mar de lágrimas enquanto tomava consciência do que tinha acabado de fazer e enquanto lia as mensagens recebidas dos amigos...
Outro mar de lágrimas despejo agora, enquanto escrevo estas linhas e vos agradeço a todos, pela força e pelo carinho. Desculpem-me aqueles a quem não disse nada nesse dia... estava demasiado emotivo para voltar a falar do assunto.

As consequências deste acto estão agora a tomar forma... esperemos que tudo se resolva pelo melhor.

Abraço

PS: Um beijo muito especial à minha irmã que tem sido extraordinária comigo. Adoro-te!